Essa moça de quem falo
Com sua mãe só saia
Era duma grande família
E seus costumes seguia
Uma jovem bem inocente
Da vida nada sabia.
Hoje é bem diferente
Assim não tem moça não
Elas são muito sabidas
Cheias de informação
Imitam moças da rua
Vêem na televisão.
Aquele estilo matuto
Para sempre abandonado
A família observando
Sempre com muito cuidado
O pai fica desgostoso
Vendo o estilo mudado.
Aquela menina moça
Começou a despertar
A vontade dos rapazes
Pra com ela namorar
Pedia às amiguinhas
Para o namoro ajeitar.
Ainda muito ingênua
Sem saber o que fazia
Dos moços, os pretendentes
Maria só se escondia
Mas no fundo, no fundinho
Namorar ela queria.
Era uma moça mimosa
Dum brilho especial
Seus olhos muito azuis
Que não existia igual
Chamava atenção dos moços
Para um namoro formal.
Maria, este é o nome
O nome que eu vou lhe dar
Não lhe digo o verdadeiro
Para não incomodar
Mas esta história, garanto
Você vai muito gostar.
Naquele tempo, lá longe...
Foi isso o que me passaram
Bem pelos anos 50
As meninas que casaram
Tinham de 13 a 15 anos
Assim se acostumaram.
A partir dos 13 anos
Maria já disputava
O olhar de um mocinho
Que aos seus pais agradava
A menina encabulada
Nunca na sala estava.
A mais velha dos irmãos
Muito ciúme causava
Apesar de ser novinha
Ela muito labutava
Foi criada na lavoura
Ate água carregava.
Vida na roça era dura
Do pesado se vivia
Não tinha água encanada
Também não tinha energia
Ferro elétrico nem se fala
Liquidificador não existia.
Morava numa casinha
Que eu até conheci
Ao escutar a história
Não acreditei no que ouvi
Fui à procura de um lápis
E bem ligeiro escrevi.
Voltando a falar do moço
Que seu amor disputava
Vindo em busca de Maria
Da estrada se avistava
Ao vê-la pelo roçado
Seu coração palpitava.
Maria que vinha do açude
De nada desconfiou
Com uma lata na cabeça
De água que ela buscou
Bem faceira caminhava
Quando pra frente olhou.
Aquele rapaz bem vestido
De paletó encorpado
Já quase perto de casa
Olhava pro seu sapato
Observando se ele
Estava bem engraxado.
Se aquilo era verdade
Maria não acreditou
Meteu o pé na carreira
E com a porta se topou.
Era a porta da cozinha
Aonde a moça chegou.
A pancada foi tão grande
Que fez a lata cair
Essa jovem muito tonta
Nada podia ouvir
O moço bem espantado
Falar não ia conseguir.
Ficou só observando
O fato acontecido
Que Maria era tímida
Ele já tinha percebido
Mas pro velho, pai da moça,
Era um favorecido.
A mocinha ao despertar
Ficou muito envergonhada
Com o rapaz bem na frente
Ela se sentiu humilhada
Não merecia o transtorno
Que a deixou abalada.
O moço já meio sem jeito
Não sabia o que fazer
Deu meia volta pra sala
Não deixava perceber
Que aquela situação
Ia lhe aborrecer.
Não sabia esse jovem
Pra Maria como olhar
Matutava em seus miolos
Como ia lhe enfrentar
Maria, zonza da queda
Com suas irmãs foi ficar.
Manezim, agora digo,
Esse moço se chamava
Ficou com tanta vergonha
Que na hora só pensava
No furor da lata dágua
Que seu namoro acabava.
Maria, ele tinha certeza
Nunca mais avistaria
Por causa da lata dágua
Esse amor perderia
A moça já decidida
Pra ele nunca olharia.
Certamente esse amor
Não era concreto não
Os dois casaram-se com outros
E viveram em união
Mas essa queda, jamais
Maria não esqueceu não.
Nelcimá Morais
05-08-10.
Ilustração da capa: Inajara Morais
A MULHER E AS PERIPÉCIAS DA IDADE
Há 2 semanas
2 comentários:
Olá Nelcimá,
Gostei da ilustração e dos versos.
Beijos,
Dalinha
Olá Nelcimá,
Belos os seus versos, dignos de um grande romance.
bjão,
rosário
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