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terça-feira, 22 de maio de 2012

A trajetória de D. Gilô

Quero registrar aqui o meu orgulho por saber que muita gente ainda valoriza a poesia de cordel. Fui procurada por uma familia que resolveu embelezar as mesas da festa do aniversário de sua matriarca, com um cordel contada a sua história por ela ser uma pessoa que valoriza muito a cultura popular. Eis aqui o que pude fazer:
 Hoje é dia de festa
 Grande comemoração
 90 anos de vida
 Recheados de emoção
 Vive assim D. Gilô
Filha de Sebastião.

 Nascida aos 15 de maio
Em Poço de Pedra morou
 No estado do Piauí
 E pouco ela estudou
 Sua mãe Maria Luíza
 Nessa filha caprichou.

 Pouco estudo ela teve
 Porque seu pai não aceitava
 Somente assinar o nome
Naquele tempo bastava
 Era o costume da época
 E a moça se conformava.

 Brasilina, no registro,
 Como Gilô conhecida
 Desde menina mostrou
 Que era bem destemida
 Grande a sua inteligência
 A Deus muito agradecida.

 Quando ainda era jovem
 Começou a trabalhar
 Fazia as tarefas de casa
 E ao seu pai ia ajudar
 Uma criação de bodes
 Ela ajudou a formar.

 Aos 16 anos de idade
Era uma moça faceira
Costurando aos pouquinhos
 Fazia roupas de primeira
 E quando mal acreditava
Tornou-se uma boa costureira.

 Essa mocinha Gilô
Muito bem ela dançava
 Aos bailes que ela ia
 Só quando o seu pai deixava
 Mostrava-se uma boa dançarina
 Todo mundo admirava.

 Foi num baile de família
Que o seu príncipe encontrou
 Seu namoro durou pouco
 Porque logo ela casou
 E pra sua lua de mel
Esse casal viajou.

 Uma viagem inesquecível
 Vocês podem acreditar
 Passaram dias na estrada
 Dormindo sob o luar
 Guardaram muitas lembranças
 Para o amor testemunhar.

 Uma grande cavalgada
 Do Piauí ao Maranhão
 Galopando com os tropeiros
 Ela nunca esqueceu, não,
 Seu aconchego era o mato
 Assim selou sua união.

 D. Gilô com sua força
 É uma privilegiada
Aproveitou a natureza
 Nela se sentiu muito amada
 Ficou grávida, sete vezes
 Sentindo-se bem agraciada.

 Foi mulher comerciante
 Também mulher fazendeira
 Mulher de caminhoneiro
 E uma boa cozinheira
 E hoje aos 90 anos
Ainda é mulher redeira.

 No estado do Piauí
 E também do Maranhão
 Iniciou a família
 Com seu esposo  Adão
 Encerraram a sua prole
 Ana Luíza e Tião.


 Em 23 de abril
 Data jamais esquecida
 Perdeu o pai de seus filhos
 Que lhe causou uma ferida
 Ficou Gilô transtornada
Uma mulher entristecida.

 Olhando para as crianças
 Viu que tinha que lutar
 Confiou no Pai eterno
 E começou a costurar
 Foi assim com inteligência
 Que passou a se orgulhar.

 Criou, assim, cinco filhos
 Viúva, mas corajosa
 Vivia dum lado pro outro
 Pra costurar não tinha hora
 Mantinha todos na escola
 E se sentia orgulhosa.

 Hoje ela tem Vilani
 Tem Lulu, não tem Tião
 Tem Socorro e tem Assis
 E ainda tem o Adão
 É um conjunto de filhos
 Que alegra o seu coração.

 Morando na Paraíba
 Pra família acompanhar
 Foi ficando e foi gostando
 Até se apaixonar
 Apaixonar-se daqui
 Não lhe queiram censurar.

 Mas da terra natal
 Ela nunca esqueceu
 Vive sempre viajando
 Levando um parente seu
 Faz questão de usufruir
 Da cultura que aprendeu.

  Sabemos de uma história
 Que achamos engraçada
 Foi numa dessas viagens
 Que ficou atrapalhada
 Trazendo o seu periquito
 Ela ia sendo multada.

  Bem no meio da estrada
 Veio uma fiscalização
 Dona Gilô quase pasma
 Tremia até o coração
 Um neto dizia: não traga
 Mais seu periquito, não!

 Ainda come de tudo
 É amante do toucinho
 Sua comida é gostosa
 Refogada com carinho
 E também conta piadas
 Esse aqui é que é o caminho.

 É divertida com os netos
 Orgulha esse timão
 É um exemplo de avó
 Mas não tem paciência, não,
 Mesmo assim vai cultivando
  Seus amores do coração.

 Grande mulher, ela merece
Uma festa de arrombar
 E pedimos ao Deus Pai
 Para lhe abençoar
 Dona Gilô, parabéns!
 Até o outro ano chegar.

                J. Pessoa-PB Maio de 2012
 Texto poético: Nelcimá Morais
 Texto informativo: suas filhas Vilani e Socorro.

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