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sábado, 30 de janeiro de 2010

Um capeta num forró da Pitombeira


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(Foto de Nelcimá numa passagem pela Pitombeira. Esta ainda é a calçada do forró, segundo os moradores.)

Eu conto aqui com detalhes
Histórias do meu avô
São coisas da minha infância
Eu lembro bem, sim senhor
Deixou-me muita saudade
Não lembrar é crueldade
Trabalhou feito um trator
II
Foi em busca de aventura
Que achou a sua mulher
Andou do brejo ao sertão
Mas não queria uma qualquer
Chegando no sabugi
Disse logo fico aqui
Vou ver qual moça me quer.
III
Conheceu lá uma jovem
E com ela se firmou
Se era bela eu não sei
Isso ninguém me contou
Seu coração era lindo
Vivia sempre sorrindo
Conquistou o meu avô.
IV
Até que os dois pombinhos
Um belo dia casaram
Queriam formar uma família
E de um lar precisaram
O casal foi procurar
Pra na Quixaba morar
E muitos anos ficaram.
V
O seu cunhado Inácio
Homem de muita valia
Tinha a política no sangue
Disso a gente sabia
Não nasceu pra agricultura
Ver a terra com fartura
Bem de longe ele queria.
VI
Entregou pro meu avô
Sua terra produtiva
Dizendo pra todo mundo
Minha idéia é construtiva
Uma família ali cresceu
Inácio então percebeu
― Acertei na estimativa.
VII
Minha avó que era Chiquinha
Tinha um bom coração
Vivia muito feliz
Com o marido Zé João
Esse era o meu avô
Pois lhe digo sim senhor
Recordar dar emoção.
VIII
Eu guardo bem na memória
Uma estória engraçada
Do seu Chico Pergentino
Por meu pai era contada
Aquele homem farrista
Era o primeiro da lista
Que animava a moçada.
IX
Essa estória se passou
No sítio da Pitombeira
Seu Chico fez um forró
Pra aquela gente faceira
Esse homem não sabia
Do grande tumulto que ia
Assustar a brincadeira.
X
Pra chegar na Pitombeira
Pouco tempo se gastava
Fica perto da Quixaba
Tudo lá se festejava
E quando tinha festança
Se via muita bonança
Bom cavalheiro chegava.
XI
Festa lá durava muito
Muitos dias se dançava
Vinha gente bem de longe
Uma multidão ajuntava
E seu Chico bom festeiro
Trazia um sanfoneiro
Que a freguesia agradava
XII
Num terceiro dia de festa
Apareceu um negão
Dançava com umas moças
Rodava feito pião
Na meia-noite sumiu
Cadê o homem? Ninguém viu
Disseram que ele era o cão.
XIII
O cavalheiro sumiu
Quando foi observado
Seu pé não era de gente
Era um pé bem mudado
Parecia um de morcego
Assim era o pé do nego
Deixou o povo assombrado.
XIV
Foi um tumulto tão grande
Que todo mundo assustou
Seu Chico fazer forró
Nunca mais ele topou
Uma moça que era a dama
Pé de valsa, tinha a fama
Dançar pra ela acabou.
XV
Mas vou dizer a vocês:
Essa estória engraçada
Eu não sei se é de trancoso
Ou se mesmo foi passada
São coisas que “paim” conta
Ela já estava pronta
Por isso não sou culp
XVI
Agora vou lhes falar
Da minha infância com amor
Com grande orgulho lhes digo
Na Quixaba com vovô
Vivi muita coisa boa
Lembranças que não enjoa
De um tempo sedutor.
XVII
Por trás da casa lá tinha
Um belo rio que corria
Aguçando os ouvidos
De quem por ali vivia
Bem no meio das pitombeiras
Muito serena e faceira
Era a água que corria.
XVIII
Quando tava anoitecendo
Todo mundo se sentava
A mando do meu avô
Na calçada escutava
__Voz do Brasil, seu sujeito!
O silêncio era perfeito
Todo mundo respeitava.
XIX
E por falar na calçada
Se contemplava um festeiro
Os vagalumes piscando
Em busca do nosso pereiro
Quanta beleza havia
A lua e as estrelas se via
“Alumiando” o terreiro.
XX
Brincadeira de criança
Era muito diferente
Jogo de pedra era bom
Refrescava a nossa mente
Correr e se esconder
Fazia a gente tremer
Divertia muito a gente.
XXI
Pela manhã, minhas tias
Que no pilão eram feras
Cheias de muito humor
Pegavam logo as tigelas
Não era uma missão qualquer
Pisavam milho e café
Essa era a vida delas.
XXII
Voltando a falar no rio
Quanta coisa me ensinou
De cambalhotas a banho
Ele nunca me poupou
Nadar com a correnteza
O medo, tenho certeza
Minha mãe atormentou.
XXIII
Aquele povo sabido
Não precisava estudar
Muita coisa ele sabia
Não se deixava enganar
Com muita sabedoria
Aquela gente vivia
A ensinar a poupar.
XXIV
Escovar dente com pasta
Quase nunca se usava
O juá pra todo dia
O vovô orientava
Amargando ou não a boca
“O pior é ir pra forca”
Em casa se escutava.
XXV
Outra coisa interessante
Que nunca vou esquecer
A quentura da areia
Pra batata aquecer
Queria eu, minha gente
Ver todo mundo contente
Naquele tempo viver.
XXVI
Foi uma vida agradável
Qualquer criança ia gostar
Vivíamos em harmonia
Ninguém podia negar
Olhar e sentir a pureza
Dessa ilustre natureza
Fazia a gente voar.
XXVII
Vou terminar o cordel
Não por falta de assunto
Quero em outro momento
Falar com amor profundo
Que a minha grande lição
Não veio da escola não
Foi do ensino do mundo.
XXVIII
Esse saudoso registro
Em estrofes de setilhas
Não poderia deixar
De dedicar pra família
Com um jeito informal
Não em forma de edital
Vou deixar pra minha filha.



Mª Nelcimá de Morais Santos –nelcima@hotmail.com

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O batismo




Aproveito estas imagens
Para um poema formar
Nos reunimos aqui
E fomos comemorar
Aniversário e batismo
Você pode observar.

Numa alegria deslumbrante
Gabrielle se esbaldou
Foi ungida pelo Espírito
Santo que a batizou
Em seguida veio pra casa
E a sua velinha apagou.

Numa pose já desnuda
Ela está se apresentando
Com a sua prima, a mais velha
E a sua vovó babando
Depois com os seus priminhos
Tudo estava lhe agradando.

Bjos de sua titia
Nelcimá